Foto: Ministério da Saúde
As pressões para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dê início à reforma no primeiro escalão do governo, removendo Nísia Trindade do Ministério da Saúde, aumentam a cada dia. O mais cotado para substituí-la é o ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, e seria uma escolha do próprio Lula. Porém, Arthur Chioro, que esteve à frente da pasta dos governos Dilma Rousseff, corre por fora — indicação que seria defendida pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Ao Correio, interlocutores do Palácio do Planalto afirmaram que a decisão de Lula visa dar um “upgrade” na pasta, que é uma das que concentram o maior orçamento da União — neste ano terá R$ 227,8 bilhões à disposição. As mesmas fontes afirmam que Nísia “cumpriu sua missão” e que, agora, é preciso “avançar”.
Ainda na transição de governo, a escolha da ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz deu-se por duas razões: 1) a sólida trajetória profissional, capaz de recuperar a credibilidade da pasta diante do negacionismo que prevaleceu durante o governo de Jair Bolsonaro— quando um general da ativa do Exército, o hoje deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), esteve à frente do ministério em plena pandemia de covid-19; e 2) o fato de Nísia ter estado à frente da Fiocruz na crise sanitária, ajudado no desenvolvimento da vacina contra o novo coronavírus e resistido às pressões dos bolsonaristas.
Para aliados do governo, Padilha é um “soldado” e um “curinga”, que pode ser “encaixado em qualquer posição do time” — além de ter ocupado a Saúde no primeiro governo de Dilma Rousseff. É visto, também, como um nome que facilitaria a relação do governo com o Congresso, pois é deputado federal fora do exercício do mandato e tem trânsito entre os parlamentares por causa da posição que ora ocupa.
Espaço no Palácio
A ida de Padilha para a Saúde ainda abre espaço para que um nome do Centrão chegue ao Palácio do Planalto e ocupe a Secretaria de Relações Institucionais. Nesse caso, o mais cotado é o ministro Silvio Costa Filho, dos Portos e Aeroportos. Interlocutores do governo consideram que isso azeitaria ainda mais o relacionamento com o Congresso — e há ainda o bônus de que o pai dele, o ex-deputado Silvo Costa, é muito amigo de Lula.
Nísia, porém, tenta se manter refratária às pressões e especulações. Por causa disso, o Ministério da Saúde divulgou, ontem, nota sobre a possível mudança no comando da pasta. “A ministra reforça que a atual gestão, sob o comando do presidente Lula, está cumprindo o compromisso de reestruturar o SUS e cuidar da saúde da população, com resultados concretos — a população agora pode pegar 100% dos medicamentos do Farmácia Popular de graça — e melhoria sensível de indicadores, como aumento da cobertura vacinal após mais de seis anos de quedas consecutivas”, salienta.
Segundo o ministério, ela cumpre agenda, hoje, em Maringá (PR). Mas, amanhã, estará com Lula na celebração do aniversário do PT, no Rio de Janeiro.