A categoria da Polícia Civil de Pernambuco é das poucas que ainda não teve o reajuste salarial proposto pelo Governo do Estado aprovado. As negociações iniciaram no ano passado e, para o aumento ser concedido, é necessário o envio do Projeto de Lei à Assembleia Legislativa. O Governo propõe reajustes escalonados até 2026 que chegarão a 20%, como vem sendo feito com as demais categorias do funcionalismo.
Na noite desta quarta-feira (4), o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) fará a primeira de uma série de reuniões que acontecerão até a próxima terça-feira (10) para colocar a questão em pauta. Mas o presidente Áureo Cisneiros adiantou ao Blog Dantas Barreto que a direção do Sinpol recomendará voto contrário à proposta do Governo. Na semana passada, no entanto, a Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) aceitou o acordo durante assembleia.
O mais novo impasse, conforme Áureo Cisneiros, é em relação ao Auxílio Fardamento de R$ 750, que o Estado não quer pagar. “O ânimo não está muito bom para aprovar a proposta do Governo. Foi dado Auxílio Fardamento para as polícias Militar e Científica e para os Bombeiros e a nós foi negado. É dever do Estado dar o fardamento porque somos obrigados a trabalhar com farda nas operações e festividades como São João e Carnaval. Uma bota custa R$ 450, a calça custa R$ 350 e uma camisa, R$ 150. Só que precisamos de duas calças e duas camisas e temos que pagar com o nosso salário. Teremos assembleias descentralizadas e a direção do Sinpol não vai recomendar a aprovação da proposta do Governo. A categoria é que vai decidir”, falou o presidente do sindicato.
A primeira assembleia do Sinpol está marcada para as 18h de hoje, na própria sede, com policiais que atuam na Região Metropolitana e cidades próximas do Recife. Amanhã será em Petrolina e Araripina; na sexta acontecerá em Cabrobó, Floresta e Salgueiro; na segunda-feira (9), em Serra Talhada, Afogados da Ingazeira e Arcoverde e, na terça (10), em Belo Jardim, Garanhuns, Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe. “Nosso objetivo é fazer uma ampla consulta, ouvindo os policiais de todo o Estado”, avisou Áureo Cisneiros.
DELEGADOS
Já o presidente da Adeppe, Diogo Victor, contou ao Blog Dantas Barreto que o acordo foi fechado com o Governo, na terça-feira da semana passada, embora os delegados ainda não estejam satisfeitos. “Foi aceita a proposta do reajuste de 20% até 2026 e o Governo se comprometeu que, se a inflação superar os 17,2% que é prevista até lá, volta a negociar para que o aumento fique acima do índice inflacionário. O Governo também vai aumentar os PJEs, a partir de janeiro de 2025, e também as gratificações das atividades fins”, relatou. Diogo está na expectativa de que o Governo envie o Projeto de Lei à Assembleia Legislativa, até sexta-feira, para que fosse votado no dia 16. No entanto, existe o impasse com o Sinpol.
Diogo ressalta que os delegados não têm a mesma valorização que havia no passado. “Um delegado substituto entra na carreira recebendo R$ 3.500 e depois tem um aumento de 120%. Isso significa que inicia a carreira ganhando um terço do salário de um defensor público e um quarto do procurador do Estado. Não há nada semelhante em outros estados”, contou o presidente da Adeppe.