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PSB quer Alckmin vice de novo e reforma sem vilanizar servidor

Foto: Chico Ferreira/Ascom/PSB

Do Congresso em Foco

O gabinete e os olhos azuis não escondem: aos 29 anos, o deputado Pedro Campos (PSB-PE) dá sequência ao legado político e familiar do pai, Eduardo Campos, ex-governador, ex-deputado, ex-ministro e candidato à Presidência falecido em um desastre aéreo durante a campanha eleitoral de 2014. Eduardo era o principal herdeiro político do avô, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, quadro histórico da esquerda brasileira. 

Na liderança do PSB na Câmara, um dia ocupada por seu pai, Pedro é uma das jovens lideranças da Casa e um dos principais interlocutores do partido do vice-presidente Geraldo Alckmin com o presidente Lula. Papel também desempenhado por seu irmão, o prefeito de Recife, João Campos, presidente nacional do PSB.

Segundo ele, o PSB quer manter Alckmin na chapa à reeleição de Lula. “Estamos lutando por isso”, disse o deputado ao Congresso em Foco, sem revelar se esse é o desejo também do ex-tucano. Há setores dentro do governo que defendem que Alckmin se lance ao Senado ou mesmo ao governo por São Paulo, para abrir espaço para outro partido no Planalto e fortalecer a representação política no estado mais rico do país.

Outra prioridade do PSB para 2026 é ampliar sua bancada em Brasília. “A prioridade do partido na próxima eleição será aumentar o número de representantes no Congresso”, afirmou o líder.

Base aliada

Desde o início do mandato, Pedro Campos votou em 97% das vezes conforme a orientação do líder do governo, conforme o Radar do Congresso, ferramenta de monitoramento legislativo do Congresso em Foco, o que lhe confere o posto de um dos parlamentares mais governistas. Na votação do decreto legislativo que derrubou o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Pedro Campos foi um dos três deputados do partido que votaram para manter o decreto do presidente Lula; nove votaram em sentido contrário.

O placar, segundo ele, não representa descontentamento da bancada com o governo, mas apenas uma postura dos parlamentares contra o aumento de impostos. Pedro Campos entende que o momento pode ser turbulento, mas é passageiro. 

“Essa base foi muito importante para a reforma tributária, o arcabouço fiscal, o Paten [Programa de Aceleração da Transição Energética], o Acredita, o Mover”, lembrou. Para o deputado, também não há que se falar em crise entre os poderes. Na avaliação dele, é natural a divergência entre Executivo e Legislativo. “Tem sido assim no Brasil nos últimos anos”, afirmou.

Reforma administrativa

Representante de seu partido nas discussões do grupo de trabalho (GT) da reforma administrativa, Pedro engrossa o coro do governo de que a proposta tem de modernizar o Estado e extrapolar discussões sobre a gestão de pessoal, em vez de tratar os servidores públicos como “vilões”.

Ele também se adianta contra a inclusão de eventuais medidas fiscais na reforma. Pedro avalia que caberia ao governo federal propor esse tipo de ação, por ter acesso a dados e capacidade de análise mais ampla. “Essas medidas devem ser apresentadas pelo governo. É o melhor ator para iniciar um debate em relação ao ajuste fiscal”, avisa.

A possibilidade de incluir medidas fiscais, para tentar reequilibrar as contas públicas, foi ventilada pelo relator do GT, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ). O relator deve apresentar suas conclusões nos próximos dias.

Alternativas

Depois de participar e conduzir algumas das reuniões do GT, que ouviu especialistas com pontos de vistas diferentes, Pedro Campos considera que há caminhos alternativos para a modernização do Estado. Entre eles, a ampliação do concurso nacional unificado, integrando vagas de estados e municípios para reduzir custos e aumentar a eficiência.

A ideia, apresentada pela professora Cláudia Passador, da Universidade de São Paulo (USP), permitiria, por exemplo, selecionar médicos ou auditores fiscais estaduais no mesmo processo seletivo nacional.

A segunda proposta defendida pelo deputado é a criação de concursos para ingresso no meio da carreira, atraindo profissionais qualificados sem obrigá-los a começar pelo nível inicial. A medida poderia evitar o “achatamento” das carreiras, situação em que os salários de entrada precisam ser inflacionados para atrair profissionais experientes, aproximando-os do teto remuneratório já na admissão.

Além dos servidores

Pedro Campos destacou que a reforma não deve se limitar à discussão de pessoal. Ele lembrou que servidores públicos são essenciais para transformar o Estado, mas que a ineficiência administrativa não pode ser atribuída apenas a eles. “Não dá para discutir gestão de pessoas achando que os servidores são vilões ou culpados pela ineficiência do Estado”, criticou. O parlamentar também ressaltou que a realidade de muitos servidores municipais e estaduais está distante da imagem de privilégios que costuma aparecer no debate público.

Para o deputado, o Congresso também precisa enfrentar a questão dos chamados supersalários, ou seja, salários pagos a servidores públicos acima do teto constitucional, que é a remuneração de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele ponderou que verbas indenizatórias e diferentes tipos de remuneração tornam o assunto mais complexo. “O teto deve ser respeitado, mas não podemos achar que resolveremos todos os problemas do Estado discutindo apenas super salários”, afirmou.

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