Foto: Kayo Magalhães/CB
Do Correio Braziliense
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciará a liberação de recursos para o ensino superior, com a intenção de encerrar a greve nas universidades federais. Na segunda-feira (10/6), o chefe do Executivo recebe reitores no Palácio do Planalto e apresenta um novo aporte para a verba de custeio das instituições — como manutenção das estruturas, luz, água, assistência estudantil e financiamento das pesquisas em andamento. Além disso, o governo finaliza um braço do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para obras em universidades e hospitais universitários.
Lula se reuniu, nesta sexta-feira, com o ministro da Educação, Camilo Santana, e com o secretário de Educação Superior, Alexandre Brasil, para fazer os últimos ajustes no anúncio.
Professores e servidores técnico-administrativos estão paralisados há mais de 60 dias, ainda sem perspectiva de voltarem às atividades. Em 23 de maio, o governo apresentou um ultimato à categoria: 9% de reajuste salarial em 2025 e 3,6% em 2026, sem aumento neste ano.
Já o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) insistem em um reajuste de 4,5% ainda em 2024, para recompor as perdas com a inflação.
A proposta do governo foi rejeitada, e a greve, mantida em 62 instituições. Apenas a Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) assinou o acordo, mas a decisão foi judicializada e suspensa por uma liminar da Justiça Federal de Sergipe. O argumento é de que o sindicato representa uma parcela muito pequena da categoria.
Além do reajuste, os docentes e técnicos defendem o aumento no orçamento das universidades e Institutos Federais (IFs). O pedido também é feito pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que reúne os reitores convidados por Lula para o encontro de segunda-feira. A entidade cobra uma injeção de, pelo menos, R$ 2,5 bilhões para o custeio das universidades e IFs, sob risco de paralisação das atividades por falta de verba.
O Planalto ainda não divulgou o valor que será anunciado pelo presidente. Procurado, o Ministério da Educação apenas confirmou o que já havia sido dito pelo chefe da pasta em uma postagem nas redes sociais. Ao lado da ministra Esther Dweck, da Gestão, Camilo destacou o investimento em obras de infraestrutura, que devem abarcar a construção de novos prédios, laboratórios, quadras esportivas e melhorias nas universidades públicas.
“Pela primeira vez, nós incluímos a educação no PAC, que, inclusive, será anunciado na próxima segunda-feira, pelo presidente, todos os novos investimentos em hospitais universitários e nos campi das universidades”, afirmou o ministro. “Com uma luta, um esforço grande, o presidente vai anunciar novos recursos para o custeio das universidades e IFs, demonstrando o compromisso do presidente e deste governo com as nossas instituições de educação superior”, acrescentou.
A greve prolongada incomoda e desgasta o Planalto. Na quarta-feira, a Comissão de Educação da Câmara, presidida por Nikolas Ferreira (PL-MG), aprovou a criação de um grupo de trabalho (GT) para discutir a mobilização. A iniciativa foi de parlamentares bolsonaristas. Segundo o Andes, a criação do grupo visa apenas atacar o governo e criticar a paralisação, sem levar em conta as demandas da categoria.