Foto: Rafael Vieira
Por: Felipe Resk
Do Diario de Pernambuco
Secretário de Defesa Social (SDS), Alessandro Carvalho acredita que 2025 será a virada de chave na sensação de segurança em Pernambuco. Com a promessa de mais policiais na rua e a esperança de manter a queda nos índices de criminalidade, o gestor aposta que o cenário também deve melhorar, nos próximos meses, a percepção da população sobre a violência – considerada o principal calo do governo estadual.
O titular da segurança pública recebeu o Diario de Pernambuco no seu gabinete, na manhã de quarta-feira (18), para fazer o balanço da gestão em 2024 e projetar os desafios do ano que vem. Entre as pautas, tratou das estratégias para combater os assaltos, que impactam diretamente na sensação de segurança, e também reduzir homicídios, cuja meta é recuar 30% até o fim do mandato.
Abordou, ainda, a dinâmica de facções criminosas no Estado e foi enfático na defesa do uso de câmeras corporais no uniforme de policiais militares, ainda em fase de testes no Estado. “O policial precisa entender que aquele instrumento é positivo para ele e para a sociedade”, disse.
Qual é a marca da segurança de Pernambuco em 2024?
É a redução de todos os principais indicadores de criminalidade, mesmo sem ter colocado nenhum policial ou bombeiro a mais nos quadros das corporações. Reduzimos os homicídios, mas também os roubos de celular, de veículo e os assaltos em geral. Os feminicídios e os estupros caíram. Isso só foi possível com o diagnóstico mais apurado, para entender quais são os problemas e fazer o melhor possível com os meios disponíveis.
As câmeras corporais da PM estão em teste há mais de um ano em Pernambuco. Quais foram os aprendizados desse período?
Eu sou a favor do uso da câmara corporal, é tanto uma garantia para o cidadão contra abuso de policiais quanto para o policial contra abuso de cidadãos. Às vezes, alguém afronta o policial, cria uma situação para sair de vítima depois, mas a câmera registra o que, de fato, aconteceu.
Hoje, nós temos 184 câmeras que são empregadas no 17° Batalhão [em Paulista, no Grande Recife] e em policiais militares da Operação Lei Seca. Desde então, caiu vertiginosamente o número de reclamações feitas por motoristas, porque a conversa fica toda gravada.
Nós já temos um procedimento operacional padrão para as câmeras. Essas normas precisam ser claras, definir bem quando deve gravar ou não, até para não invadir um momento de privacidade ou de descontração do policial. O que precisamos trabalhar melhor agora é a questão da cultura da corporação, para o policial entender que aquele instrumento é positivo para ele e para a sociedade. Não vai ser utilizado simplesmente para persegui-lo.
Um policial não é super-herói. Ele tem família, tem filho, tem mãe, tem pai. Coloca a vida em risco pela sociedade e, às vezes, tem que tomar uma decisão, no calor do momento, que vai ser analisada sem passar por todo o estresse [de hoje]. Com a câmera, fica tudo registrado. Se ele age certo, não tem problema.
O programa de câmeras corporais vai ser ampliado?
Nós nos habilitamos no edital da Senasp [Secretaria Nacional de Segurança Pública], lançado recentemente, para aquisição do pacote completo [são 1.337 novas câmeras corporais]. A câmera, em si, é barata. Mas você precisa ter contrato de armazenamento em nuvem e de internet, que para o serviço público é caríssimo, com velocidade boa para fazer upload de todas as imagens. A informação que eu tenho é que foi aprovado [está em fase de recurso] e vamos implementar assim que chegar.
Ainda sobre tecnologia, o edital de 2 mil novas câmeras nas ruas teve uma empresa declarada vencedora, mas outras concorrentes recorreram e o contrato ainda não foi assinado.
Entrevista completa no Diario de Pernambuco