Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou a tradicional mensagem de Natal que irá ao ar nesta noite, em cadeia nacional de rádio e televisão. De acordo com fontes do Planalto, ele deve pedir às famílias que abram mão de desavenças políticas e valorizem a união, neste fim de ano. O presidente também vai fazer referência aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e os desafios do país para manter o equilíbrio democrático.
Lula tem compartilhado com seus aliados a preocupação com a polarização política no país e os possíveis impactos desse cenário nas eleições municipais de 2024. Em um evento do Partido dos Trabalhadores (PT), no início do mês, ele previu que, na disputa municipal, ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro, como cabos eleitorais, continuarão catalisando o eleitorado. Nesse contexto, ressaltou a importância de que o partido e seus aliados defendam a democracia, sem medo.
Lula ainda deve fazer um balanço das ações do governo neste primeiro ano de seu terceiro mandato. Será destacado o retorno dos programas Bolsa Família; Minha Casa, Minha Vida; e, também, a aprovação da reforma tributária. Para 2024, o presidente deve adiantar algumas prioridades. A transição energética e a defesa do meio ambiente, muito discutidas na última Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28), seguem como agendas prioritárias.
Além disso, Lula deve enfatizar que 2024 será o ano de colher os frutos das medidas adotadas neste primeiro ano de governo. Segundo um assessor do Planalto, a expectativa é que as ações implementadas neste período comecem, efetivamente, a surtir efeito a partir de janeiro.
Essa não será a primeira vez que Lula falará sobre união e democracia, em razão da polarização que atingiu seu auge na campanha eleitoral de 2022, quando derrotou o então presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma disputa apertada, só definida no segundo turno. No fim de novembro, ele publicou no X (antigo Twitter) um pedido para que as pessoas deixassem as brigas de lado e se reconciliassem.
“Fim de ano chegando. Está na hora de deixar as diferenças políticas de lado. Dos familiares se perdoarem pelas brigas do passado e que o respeito seja a regra. Assim, construiremos dias melhores”, escreveu, na ocasião.
No discurso desta noite, o presidente não vai citar nenhum ministro ou integrante do governo — nem mesmo Fernando Haddad (PT), da Fazenda, que capitaneou em nome do Planalto as negociações para a aprovação do novo Marco Fiscal e da reforma tributária.
Na última sexta-feira, nas redes sociais, Lula recorreu à metáfora de que 2023 foi dedicado a “arrumar a casa”, referindo-se à remontagem da estrutura institucional do país e o restabelecimento das políticas públicas travadas pelo governo anterior. O ano que vem, segundo ele, será de mais trabalho para melhorar a vida das pessoas. “2023 foi ano de recuperar o Brasil. De arar a terra, arrumar a casa. Daqui para frente, tudo que a gente sonhar vai brotar. Em 2024, vamos trabalhar mais e ainda mais rápido pra fazer a vida das pessoas melhorar. Boa noite e um bom fim de semana”, diz o texto publicado.
O discurso de Lula deve lembrar também os atos golpistas de 8 de janeiro, um dos dias mais caóticos da história de Brasília. Naquele domingo, poucos dias depois da posse do presidente, bolsonaristas radicais, golpistas e criminosos invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, sede da Presidência da República.