Candidatos à Prefeitura de São Paulo promovem debate raso e de baixo nível

Foto: Reprodução You Tube/TV Gazeta

Do Correio Braziliense

Os principais candidatos a prefeito de São Paulo protagonizaram novo debate, ontem, marcado por ataques pessoais, xingamentos, acusações e palavras chulas disparadas uns contra os outros. O encontro foi repleto também por microfones cortados, dada a agressividade verbal, e dezenas de pedidos de resposta — quando há o entendimento de que algum postulante extrapolou na manifestação. O evento foi organizado pela TV Gazeta e pelo canal MyNews.

Logo no início, quando dirigiam perguntas uns aos outros, a baixaria apareceu. Pablo Marçal (PRTB) iniciou essa linha de conduta, apelidando ofensivamente os concorrentes. Por duas horas e meia, foram ouvidas expressões como “bananinha”, “Chatabata”, “Pablito”, “tchutchuca do PCC”, “Boules”, “bandidinho”, “estelionatário”, “vagabundo”, “picareta” e “ladrão”.

Marçal chegou a pronunciar palavrões e foi advertido. Após crescer nas pesquisas nas últimas semanas, foi alvo inicialmente de Guilherme Boulos (PSol), Ricardo Nunes (MDB). Depois, José Luiz Datena (PSDB) também partiu para cima do influenciador. Tabata Amaral (PSB) foi menos visada dos ataques, mas também respondeu Marçal duramente.

Marçal voltou a insinuar que Boulos faz uso de droga — o que não foi comprovado. Ao contrário, constatou-se que o “coach” recorreu a um homônimo do psolista — preso com cocaína — para atacar o deputado federal. Além de provocá-lo chamando- o de “Boules”, ironizou o episódio de que a letra do Hino Nacional foi cantada com linguagem neutra.

“Pergunto ao Boules (sic) se já não experimentou alucinógeno, maconha. Ele estragou o Hino Nacional com a linguagem neutra, perdeu o senso patriótico”, provocou o influenciador, rebatido de imediato.

“Você é um bandido, condenado. Não vou falar com você. É o candidato da mentira, da bravata e está envolvido com o crime organizado até o pescoço”, disse, acrescentando que “a farsa do uso de drogas já foi demonstrada”.

A estratégia de Nunes foi de tentar encurralar Marçal, a quem se referiu o tempo inteiro como “Pablito” — referência ao megatraficante colombiano Pablo Escobar, que era conhecido pelo diminutivo do nome. “Vou perguntar ao Pablito, condenado por integrar uma quadrilha, que entrava nas contas das pessoas e subtraía recursos”, disse, numa referência à condenação do seu adversário. O troco de Marçal foi referir-se a Nunes como “bananinha”, dando sentido pejorativo de ser um candidato fraco e que evita confronto.

“Bananinha, você está desesperado porque está perdendo. Como é ter o Bolsonaro como amante? Você é um covarde. Se eu ganhar, você vai para a cadeia”, respondeu o “coach”, referindo-se também ao ex-presidente, que tem sido apontado como hesitante no apoio a Nunes. Nunes chamou Marçal de “tchuchuca do PCC”, referência à acusação de que ele e seu grupo político têm proximidade com a facção criminosa.

Tabata inaugurou a tentativa de se discutir programas de governo e questionou Nunes sobre os índices de educação da capital. A candidata afirmou que na gestão de Bruno Covas, ex-prefeito do PSDB e que faleceu, a cidade aparecia em segundo no ranking educacional e que, agora, está em 19º. O prefeito negou e argumentou que o desempenho do município supera a média de todas capitais do país.

Marçal, por sua vez, apenas buscou ataques pessoais. Disse que era vítima de um “consórcio de candidatos comunistas” e que teria mais votos “que todos esses canalhas juntos”.

O momento de maior tensão foi quando Datena deixou o púlpito na direção a Marçal. Seguranças ficaram a postos para apartar uma possível briga.

Marçal foi grosseiro com Tabata após um comentário da candidata sobre ele. “A ‘Chatabata’ Amaral está inventando. Quero te fazer uma pergunta, ô garota. Qual a sensação de me bater e eu cair pra frente. Isso aqui é uma encheção de saco, é um teatro”.

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