Por Hely Ferreira*
Nenhuma grande transformação social ocorre de forma imediatista. Em regra, muitas delas duram anos e até séculos para se consolidarem. A consolidação da democracia em Atenas não foi diferente. Depois de experimentarem por muito tempo os mitos como referência para “interpretar” a sociedade, os gregos foram percebendo sua fragilidade e aos poucos foram substituindo pelo logos, promovendo muito mais racionalidade nas respostas, diante dos fatos que ocorriam, principalmente, em Atenas. Assim, foi dando guarida ao nascimento da democracia, ainda muito restrita, mas já era um avanço para época.
Recentemente, um grande instituto de pesquisa nacional divulgou o percentual de brasileiros que recepcionam a democracia. Embora 69% simpatizem, em 2022 o número era 72%, demonstrando uma pequena queda em dois anos. Ao mesmo tempo, 8% defendem que, em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura e 17% são indiferentes.
O quadro brasileiro corrobora com um dado recém-divulgado, onde na América Latina, apesar de tudo, a maioria entende que, mesmo com suas falhas, a democracia é o modelo menos ruim que existe. Ratificando, de certa forma, o pensamento de Platão, quando afirmou que a democracia é a mais bela forma de tirania que o homem inventou.
Feliz Ano Novo!
*Hely Ferreira é cientista político