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Apesar do discurso em torno de unidade progressista para reforçar o palanque do presidente Lula (PT) em 2026, lideranças petistas têm demonstrado insatisfação com a escolha do vice do prefeito João Campos (PSB). Mas, para o presidente do PCdoB no Recife, George Braga, não existe manifestação que se sobreponha à estratégia nacional.
“O processo de decisão foi construído politicamente a partir de muitas posições legítimas, mas culminou no resultado final. Só tem uma vaga, era preciso escolher um. Foi escolhido o Victor. Estamos todos unificados, a presidente Gleisi Hoffmann (PT) falou isso”, disse o dirigente, em entrevista à Rádio Folha nesta sexta-feira (26).
“É maturidade política. O PT lidera uma frente pela democracia no Brasil, e tem noção da grandeza e importância do que isso significa para o futuro. Quem está planejando algo, não vai dizer a todo mundo que trabalha com muitas opções”, acrescentou.
A falta de história de Victor Marques (PCdoB) no partido e na vida política pode significar uma aliança maior a João Campos – que teria articulado sua filiação já visando tê-lo como vice – do que ao partido. Segundo Braga, no entanto, a aproximação de Marques foi mais natural do que pareceu.
“Não foi propriamente uma negociação. Começou um debate sobre lideranças políticas que poderiam jogar em determinado papel. Nesse processo, o prefeito e Victor trataram conosco. Mas temos relação com o Victor. Temos dois quadros jovens que trabalham na Prefeitura, e essa turma se encontra. Nesses processos, nos aproximamos das lideranças políticas. Em um dado momento, esse assunto apareceu e amadureceu. Tratamos com discrição porque o ambiente pedia”, revelou o presidente.
Ausência de Luciana Santos
Apesar de ser o partido contemplado na chapa, as lideranças do PCdoB não receberam os holofotes no anúncio do vice, com a notável ausência da presidente nacional da legenda, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB).
No entanto, enquanto a reunião acontecia no Recife, a ex-vice-governadora estava em reunião com o presidente Lula, por isso não teria comparecido.
“Luciana é ministra. Se alguém olhar o instagram dela, verá que ela estava em reunião com o presidente tratando do plano brasileiro de inteligência artificial, preparando para anunciar na Conferência Nacional da Ciência e Tecnologia. Um chamamento do presidente eu não acho aconselhável não atender”, esclareceu.
“E ela mandou um vídeo, não sei se circulou, mas ela fez questão de se fazer presente”, acrescentou o dirigente. O vídeo da ministra, no entanto, não foi exibido à imprensa, pois a reunião acabou sendo a portas fechadas.
Chapa em Olinda
Na última quinta-feira (25), a Federação PT/PV/PCdoB anunciou o empresário Celso Muniz (PCdoB) como vice do vereador Vinicius Castello (PT), na disputa pela prefeitura de Olinda.
A narrativa da dupla é de ‘união apesar das divergências’. Enquanto o vereador é um jovem negro de origem periférica, o proprietário do Shopping Patteo tem histórico bolsonarista.
“A circunstância da polarização política que vivemos precisa ser colocada naquele tempo e espaço. Se formos colocar um carimbo na cabeça de todos que naquele momento fizeram a opção, ficaremos divididos para sempre. Nunca vamos voltar a unir o país”, disse Braga.
“A militância política do PT e do PCdoB compreende que temos um projeto político acima das questões menores”, continuou.