Foto: Diogo Zacarias/MF
Do Correio Braziliense
As contas do governo central, que reúne Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, registraram um rombo de R$ 20,2 bilhões, em novembro de 2025, e, no ano, o saldo negativo chega perto de R$ 84 bilhões, conforme dados divulgados, ontem, pelo Tesouro Nacional.
O deficit primário do penúltimo mês do ano é quatro vezes mais profundo do que o resultado negativo de R$ 4,5 milhões registrado no mesmo mês de 2024 — aumento de 328,8%, em termos reais (descontada a inflação). O dado ficou “acima da mediana das expectativas” do mercado, conforme a pesquisa Prisma Fiscal, do Ministério da Fazenda, que previa um deficit primário de R$ 12,7 bilhões.
Os dados refletem o descompasso entre os gastos e a arrecadação do governo, uma vez que as despesas do governo central cresceram 4%, em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2024, já contabilizando a inflação do período. As receitas totais tiveram queda real de 2,6%, na mesma base de comparação.
No acumulado do ano, o deficit primário do governo central somou R$ 83,8 bilhões, 25,1% maior do que o saldo negativo de R$ 67 bilhões registrado no mesmo período de 2024, sem correção pela inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A meta fiscal de 2025 é de deficit primário zero, com margem de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, é permitido um rombo fiscal de até R$ 31 bilhões.
Logo para cumprir a regra, o governo seguirá fazendo vários descontos de gastos, como parte dos precatórios (dívidas judiciais) e socorro aos exportadores afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que o aumento do rombo fiscal foi resultado do menor nível de receitas não administradas. Segundo ele, o nível de pagamento de dividendos em relação a novembro de 2024 também diminuiu, além de queda na receita de concessões, que encolheram 23,7% e 38,9%, respectivamente, no acumulado de janeiro a novembro em relação ao mesmo período de 2024.
Apesar disso, Ceron considerou que houve continuidade na trajetória de “bom crescimento” das receitas no acumulado do ano. Em termos reais, a receita líquida cresceu 2,9% (ou mais R$ 60,2 bilhões) enquanto as despesas aumentaram 3,4% (R$ 71,9 bilhões), de acordo com os dados do Tesouro.
Conforme os dados do Tesouro, esse resultado conjugou um superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) de R$ 244,5 bilhões do Tesouro Nacional e do Banco Central e um deficit de R$ 328,3 bilhões no Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
No acumulado de 12 meses até novembro, o deficit primário do governo central somou R$ 57,4 bilhões, o equivalente a 0,47% do Produto Interno Bruto (PIB). As despesas obrigatórias somam 17,24% do PIB, e as discricionárias, 1,58%.
No ano passado, houve entrada de recursos via concessão da Copel, por exemplo, o que ajudou no resultado primário. Apesar disso, Ceron avaliou que há continuidade na trajetória de “bom crescimento” das receitas no acumulado do ano. (Com Agência Estado)