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“Precisamos acabar com o ódio contra as mulheres neste País”

A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, chegou ao Recife, nesta quinta-feira (22), e tem agendas até sábado com o objetivo de discutir ações de apoio às mulheres. Amanhã, estará com a governadora Raquel Lyra (PSDB) assinando ordem de serviço para a construção de três Casas da Mulher no Recife, Petrolina e Caruaru. Conversando com o Blog Dantas Barreto, a ministra ressaltou a necessidade da união de toda a sociedade para combater a violência contra as mulheres no País.

Blog – Ministra, os casos de violência contra as mulheres realmente têm aumentado no Brasil?

Cida – Acho que tem duas coisas acontecendo no Brasil. De um lado tem aumentado a crueldade da violência contra as mulheres. E de um outro tem aumentado o número de denúncias. Nós precisamos casar esses dois elementos para pensar uma política pública. Por isso, nós lançamos, em outubro do ano passado, o Brasil Sem Misoginia. Nós precisamos acabar com o ódio contra as mulheres neste País, o que faz a violência aumentar, seja a tentativa de homicídio, seja a violência sexual. Tem aumentado, não só com as mulheres adultas, mas também de meninas de zero a 4 anos, aumentou em 10%. Aumentou contra meninas de 5 a 9 anos e aumentou de 9 a 17. O principal aumento de violência sexual é contra as crianças e adolescentes. Esse é o desafio, que não só o Governo tem que enfrentar, mas também a sociedade.

Blog – Como está sua agenda no Recife?

Cida – Amanhã vamos anunciar três Casas da Mulher Brasileira, assinando acordo de cooperação, fortalecendo todos os serviços especializados. Temos que pensar em estratégias para que de fato o Brasil tenha feminicídio zero.

Blog – Muitos dos casos de violência contra mulheres são praticados por maridos, ex-companheiros, dentro de casa, por vizinhos. E muitas vezes se cobra da polícia. A polícia tem como evitar?

Cida – A polícia tem uma parcela de responsabilidade. Não pode desfazer dos casos das mulheres, quando chegam para fazer uma denúncia, desmerecendo as denúncias. Acho que isso tem sido motivo que tem feito as mulheres a não fazerem as denúncias. Mas nós precisamos envolver as empresas, a sociedade, os vizinhos, amigos, parentes e o Estado. Precisamos da assistência social envolvida, a saúde, a segurança pública, todos os serviços do Estado brasileiro para enfrentar esse problema, porque senão não vamos dar conta.

Blog – E como conseguir esse mutirão?

Cida – Por isso que estamos chamando o programa de Brasil Sem Misoginia. Estamos com 139 empresas participando. Precisamos fazer um movimento nacional, um movimento de indignação, porque é importante que não só as mulheres resolvam o problema da violência. Os homens também precisam se envolver. Os homens não são a maioria violentos. Quem não é violento precisa estar com a gente e dizer ‘isso não dá’. Nós precisamos dar um basta na naturalização da violência contra as mulheres.

Blog – No final do ano passado, uma pesquisa apontou que em primeiro lugar está a violência psicológica, depois a física, patrimonial e sexual. É essa a sequência?

Cida – Dependendo muito do Estado, da realidade, da região, é essa a sequência. Tem um fator importante na questão da violência psicológica, da violência moral. Porque muitas vezes não acreditamos nelas, na ameaça. Mas quem ameaça, quem pratica a violência psicológica, é aquele que mata.

Blog – Quais os planos para 2024?

Cida – Temos muita coisa para fazer. Fortalecer a rede de atendimento, construir as 40 Casas da  Mulher Brasileira, construir uma política de autonomia econômica, para que elas possam ter condições, se quiserem sair da situação. Gerar emprego, inclusão, inclusão digital, fazer com que as mulheres de fato tenham todas as condições de ir e vir.

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