Foto: Museu do Pontal/Divulgação
Por Adelmo Lucena
Do Diario de Pernambuco
O xilogravurista pernambucanoJosé Francisco Borges morreu aos 88 anos nesta sexta-feira (26). A causa da morte e detalhes sobre o velório e sepultamento ainda não foram divulgados por familiares. O velório iniciará por volta das 16h, no Centro Cultural de Bezerros e o sepultamento será amanhã.
O artista, conhecido mundialmente por J. Borges, é um dos mais famosos xilogravuristas do estado. Além disso, é um dos Patrimônios Vivos de Pernambuco.
Trajetória
J. Borges nasceu em 20 de dezembro de 1935 em Bezerros, no Agreste de Pernambuco, Ele iniciou a vida artística desde cedo, confeccionando brinquedos artesanais e vendendo livros de cordel. Com 21 anos de idade, começou a escrever cordéis e fez “O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina”, que foi xilogravada por Mestre Dila. O cordel vendeu mais de cinco mil exemplares em apenas dois meses.
O trabalho do artista foi descoberto por colecionadores e marchands e ganhou visibilidade nacional. As gravuras de J.Borges foram utilizadas na televisão na década de 1970 e ele começou a gravar matrizes dissociadas dos cordéis, de maior tamanho. Com isso, o xilogravista chegou a expor suas obras em outros países, como Suíça, México e Estados Unidos. Além disso, ele chegou a dar aulas de xilogravura e entalhamento na Europa e nos Estados Unidos.
Ele também ilustrou a capa de livros de escritores como Eduardo Galeano e José Saramago, inspirou documentários e o desfile da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, em 2018.
Suas xilogravuras ganharam admiradores de peso, como o escritor Ariano Suassuna. O artista tem vários prêmios, como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na categoria Ação Educativa/Cultural.
Em Bezerros, foi inaugurado o Memorial J. Borges, com exposição de parte de sua obra e objetos pessoais. Em janeiro de 2022, o artista teve as obras expostas no Museu de Arte do Rio. A exposição “J. Borges – O Mestre da Xilogravura”, reuniu 40 xilogravuras, sendo 10 obras inéditas, 10 matrizes inéditas e as 20 obras mais importantes da sua carreira, com temas que retratam a trajetória de vida do artista.
J. Borges fez uma parceria de anos com o Diario de Pernambuco, assinando todas as artes do recall de marcas mais importantes do estado, o Marcas Preferidas, desde 2016.
NOTA DE PESAR
NOTA DE PESAR
A força da cultura pernambucana se confunde com a trajetória de artistas como J. Borges, que, infelizmente, perdemos nesta sexta-feira aos 89 anos.
Nascido em Bezerros, José Francisco Borges retratou como ninguém em suas poesias, cordéis e, claro, xilogravuras, nossa religiosidade, nossa alegria e também nossa bravura.
Em nossos encontros, sempre fiz questão de reverenciá-lo e falar de sua importância para nossa cultura, que estará sempre presente nas nossas memórias. A J. Borges, obrigada por tudo e por tanto. Aos amigos e familiares, os meus sinceros sentimentos.
Priscila Krause
Vice-governadora de Pernambuco.
NOTA DE PESAR
Pernambuco e o Brasil perdem hoje um dos seus mais importantes artistas. Grande poeta, cordelista e xilogravador, J. Borges fez da sua arte instrumento para difundir e popularizar a cultura pernambucana e nordestina, retratando costumes, folguedos, o cangaço e a religiosidade de nossa gente.
Nascido em Bezerros, no Agreste, teve seu trabalho reverenciado no Brasil e no mundo. Foi reconhecido como Patrimônio Vivo Imaterial de Pernambuco, recebeu a Ordem do Mérito Cultural do Brasil e ainda o prêmio Unesco, na categoria Ação Educativa/Cultural.
Ou seja, o talento de J. Borges cruzou as fronteiras do estado e do país, enchendo os pernambucanos de admiração e orgulho e nos dando a certeza de que sua arte é eterna.
A Assembleia Legislativa se solidariza com familiares e amigos. Que Deus possa confortá-los neste momento de dor e saudade.
Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco.