Foto: Divulgação/Superintendência Regional do Trabalho em Goiás
Do Correio Braziliense
O primeiro feriado nacional do Dia da Consciência Negra, dedicado à memória de Zumbi dos Palmares e à resistência negra contra a escravidão, evidencia a persistência do trabalho análogo à escravidão no Brasil. Em 2023, quase 3,5 mil pessoas foram encontradas em condições degradantes, e uma esmagadora maioria das vítimas são pessoas negras.
Desde 1995, quando começaram os registros oficiais, mais de 12 mil pessoas foram resgatadas do trabalho escravo, segundo dados da Campanha “De Olho Aberto para Não Virar Escravo”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Os números revelam que trabalhadores negros, nordestinos e com baixa escolaridade estão entre os mais vulneráveis a essa prática. Entre 2016 e 2023, 82% dos resgatados se autodeclararam pretos ou pardos, com destaque para jovens homens entre 18 e 24 anos. Além disso, pelo menos 53% das vítimas resgatadas são da região Nordeste.
Os setores mais associados ao trabalho escravo também reforçam o peso do agronegócio na exploração. A pecuária lidera os casos acumulados, com 2.115 registros, seguida pelas lavouras (910) e carvoarias (501). Nos últimos dez anos, o trabalho escravo em lavouras superou os da pecuária, refletindo mudanças nas dinâmicas econômicas.
Os dados também mostram que, entre 2016 e 2023, 10.349 homens foram resgatados de condições análogas à escravidão, enquanto as mulheres somaram 972 vítimas. Dessas, 80% eram mulheres negras, o que evidencia as interseções entre gênero e raça na perpetuação dessa forma de exploração.