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O prefeito João Campos (PSB) foi entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, nessa segunda-feira (28), e foi muito questionado sobre a relação com o PT. Sobre a avaliação do Governo Lula, o socialista foi enfático ao afirmar que as entregas muitas vezes são ofuscadas por “armadilhas” criadas pelo próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
“É um governo melhor do que a avaliação do próprio governo”, disse João, reconhecendo que há um controle da inflação, redução do desemprego, aumento do superávit das exportações, apresenta bons indicadores econômicos, garante moradia através do Minha Casa, Minha Vida e está reestruturando o ensino.
No entanto, considera que, quando Lula recebe um ditador, a exemplo do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, todas as entregas são encobertas com fatos considerados negativos. João Campos aconselha que não é apenas resolver a economia, mas tem que ouvir o que as pessoas falam. “É importante combinar com o povo”, disse. Por conta disso, o prefeito admitiu não ter ficado surpreso com os resultados das eleições municipais deste ano, “com a vitória da centro-direita”.
Ainda sobre o baixo desempenho dos candidatos do PT e a vitória do PL em algumas capitais, inclusive do Nordeste, João Campos citou como exemplo o prefeito de Maceió, JHC, que está na sigla liberal, porém é de centro-direita. “O Nordeste tem uma maioria de centro-esquerda, mas tem as regiões metropolitanas e as cidades de menor porte. No interior, é mais à esquerda e na região metropolitana tem um componente político do Sudeste”, observou. Segundo ele, há maior cobrança para resolver problemas de segurança, transporte, educação e saúde. “A solução pende mais para a direita do que à esquerda”, analisou.
VICE
Campos também saiu em defesa do PSB, quando perguntado se o partido aceitaria ceder a Vice-presidência, atualmente ocupada por Geraldo Alckmin, em 2026, caso Lula decida compor com outra sigla. “A posição natural do PSB é reivindicar o que construiu”, avisou, acrescentando que Alckmin “ocupa com maestria”. “Isso vai ser construído com cada partido. Se Lula quiser fazer uma mudança, vai desagradar a muitos”, alertou.
O socialista lembrou que, em 2022, o então candidato a presidente foi quem escolheu o vice e o partido. Na época, Alckmin era filiado ao PSDB e migrou para o PSB para firmar a aliança entre as duas legendas. João Campos fez questão de salientar que Lula será o condutor do processo eleitoral e que cada eleição tem uma dinâmica própria.
Ele saiu pela tangente quando questionado se sonha em ser candidato à Presidência da República e considerou cedo para avaliar o momento pós-Bolsonaro. Contudo, falou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) surge no cenário político. “Um governador de São Paulo sempre é um player no Brasil”, disse.
FEDERAÇÃO
João Campos, que é vice-presidente nacional do PSB, disse que foi iniciada uma discussão para o partido integrar uma federação, inclusive, com a participação do PDT. Mas deixou claro que a legenda vai se preparar para as eleições de 2026, independentemente de qualquer situação.
”Iniciamos um diálogo de federação. Em 2025, outros partidos vão discutir. O desafio é o encaixe nacional. Essa composição geográfica é o passo importante”, disse o prefeito, ressalvando que a federação tem que ser feita com partidos de tamanhos semelhantes. “Mas não podemos esperar pela federação. O partido tem que se preparar para 2026, com ou sem federação”, avisou.
No plano pernambucano, João Campos, que foi reeleito com 78% dos votos no Recife, defendeu a tese de que o PSB conquistou a maior vitória de um partido de oposição na história, ao eleger 31 prefeitos que governarão mais eleitores que o PSDB, da governadora Raquel Lyra, com os 32 prefeituras.
“Nunca teve um partido de oposição sendo o mais votado. Foi o melhor desempenho da história da oposição e o pior do Governo”, cravou. Na sua opinião, isso ocorreu porque Raquel ainda não apresentou resultados positivos do seu governo. “Basta comparar resultados de outros estados Brasil afora. São melhores que o de Pernambuco”, frisou o prefeito do Recife.