Causou muita perplexidade a aprovação da PEC da Blindagem, na madrugada de ontem, e para piorar foi feita uma manobra incrível para garantir o voto secreto. Com essa proposta, deputado e senador que cometerem qualquer tipo de crime, por pior que seja, só serão processados ou presos se a Câmara ou Senado autorizarem. É a volta ao passado da impunidade. Quando essa mesma regra corporativista vigorou entre 1988 e 2001, vários crimes ficaram sem punição porque, simplesmente, os nobres parlamentares adotaram a impunidade como lema. O senador Ronaldo Cunha Lima, por exemplo, deu um tiro à queima roupa no rival Tarcísio Burity e o Senado não permitiu que fosse julgado. Depois de anos sob pressão, Cunha Lima renunciou ao mandato para ser julgado na primeira instância. O tempo passou e ele faleceu sem pagar pela tentativa de homicídio. Pelo visto, boa parte dos deputados está sentindo algum cerco se fechar e agem, desde já, para estarem “protegidos” pela armadura ou armação do Parlamento. O projeto ainda será votado no Senado e se faz necessário uma mobilização da sociedade para evitar que essa elite política se sinta mais à vontade para desviar dinheiro, praticar delitos de todos os níveis, cometer homicídio ou traficar drogas com a certeza de que não irão para a cadeia. Essa PEC da Blindagem reaparece, por sinal, quando se percebe que facções criminosas já interferem e participam com representantes nos poderes Executivo e Legislativo.
Um escárnio
A PEC da Blindagem volta à tona quando se falava na possibilidade de acabar com o foro privilegiado, que também já é considerado um privilégio para quem ocupa cargos públicos relevantes. E para completar, até presidentes nacionais de partidos também ficarão protegidos, caso o Senado aprove e a PEC entre em vigor. Um verdadeiro escárnio.
Ducha fria
Entre filiados ao PL, principalmente pretensos candidatos, há uma expectativa para que Tarcísio de Freitas deixe o Republicanos para ser candidato a presidente pela sigla liberal. Ontem, ele concedeu entrevista e afirmou que pretende disputar a reeleição para governador de São Paulo.
Centro das atenções
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, terá hoje mais uma boa oportunidade de ocupar espaço no cenário político. Receberá a Medalha do Mérito José Mariano, na Câmara do Recife. Ele é pré-candidato ao Senado e espera por muita gente na solenidade marcada para as 16h.
Fica, Raquel!
Júnior de Beto (PP) falou em nome dos prefeitos no anúncio do Programa Saneamento Rural, no Palácio do Campo das Princesas. Disse que, nos governos passados, “com muito esforço, a gente precisava furar poços através do IPA, mas não era água potável”. Olhou para a governadora Raquel Lyra (PSD) e disse: “Por favor, a senhora não saia dessa cadeira”.