Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados
Do Correio Braziliense
A oposição ao Governo Lula inicia, nesta terça-feira (1), um novo capítulo da ofensiva pela aprovação do projeto de lei para anistiar os golpistas do 8 de Janeiro. Na semana passada, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, havia ensaiado uma obstrução aos trabalhos da Câmara para mandar um recado ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que estava em viagem à Ásia na comitiva do chefe do Executivo. Como o presidente da Câmara está de volta ao país, a expectativa é de que ele se reúna, nesta terça-feira, com os deputados favoráveis ao texto para negociar.
Os parlamentares de oposição vão se encontrar pela manhã para definir a estratégia de atuação desta semana. A reunião é habitual, mas depois de Bolsonaro ter sido declarado réu na semana passada, o tema passou a ser tratado como prioridade. Embora o ex-presidente não admita, ele poderia ser um dos principais beneficiados pelo projeto, já que é acusado de liderar um plano golpista que culminou no 8 de Janeiro.
Nas redes sociais, deputados bolsonaristas intensificaram as postagens sobre o tema, especialmente depois dos atos esvaziados da esquerda, no fim de semana, contra a anistia. “Com o retorno de Motta ao Brasil, vamos intensificar a pressão para que a anistia aos presos políticos do 8 de Janeiro seja tratada como prioridade absoluta. Já deixamos claro, na semana passada, que a minoria, o PL e a oposição estão em obstrução total até que esse tema receba a devida atenção e respeito que merece”, disse, nesta terça-feira, a deputada federal Carol De Toni (PL-SC) em seu perfil no X.
A cúpula bolsonarista também corre para tentar encontrar novos “personagens” para enriquecer a narrativa de que os extremistas do 8 de Janeiro foram vítimas de excessos por parte do Poder Judiciário.
A aposta era na cabeleireira Débora Rodrigues, responsável por pichar com batom a frase “perdeu, mané” na Estátua da Justiça. Ao longo de várias semanas, Bolsonaro e aliados criticaram a prisão da extremista, por segundo eles, ter cometido um crime sem gravidade. Na última sexta, no entanto, o ministro Alexandre de Moraes concedeu prisão domiciliar à mulher. No STF, porém, há dois votos para condená-la a 14 anos de detenção — de Moraes e de Flávio Dino. O julgamento foi suspenso por um pedido de vista.
REAÇÃO DOS GOVERNISTAS
De outro lado, os líderes do governo e do PT no Congresso trabalham para que a pauta não avance. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), questionou o que chamou de “hipocrisia” da extrema-direita. “Sempre defenderam endurecimento de pena, tortura e ditadura. Agora questionam penas ‘excessivas’ para os golpistas e clamam por ‘direitos humanos’ de que eles tanto desdenhavam. (…) Bolsonaro não está nem aí para Débora ou para as ‘senhorinhas com a Bíblia’. Ele nunca foi um humanista. Vide o genocídio e insensibilidade na pandemia. O que ele quer com esse PL é salvar a própria pele”, escreveu no X.