Foto: Tomaz Silva/Agencia Brasil
Do Correio Braziliense
Em meio à confusão do governo na busca de recursos para tapar os rombos das contas públicas, como o aumento da taxação Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a greve dos auditores da Receita Federal tem atrapalhado a arrecadação da União e gerado perdas bilionárias aos cofres da União. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) ordenou, na semana passada, a suspensão da greve, mas, apesar da decisão e da recomendação do sindicato da categoria para o retorno à normalidade, a operação padrão completou 200 dias nesta semana. Apenas medicamentos, perecíveis e animais estão sendo liberados pelos fiscais nas alfândegas.
Os auditores paralisaram as operações no fim de novembro de 2024 e os reflexos do movimento não são poucos. Mais de 100 mil encomendas e 270 toneladas de mercadorias paradas nas alfândegas do país. Além disso, até março, a União deixou de arrecadar R$ 19 bilhões, de acordo com dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (Fecomercio/SP). Esse montante está próximo da receita prevista com o aumento do IOF apenas neste ano e, nos últimos meses, aumentou de valor.
A Associação Brasileira de Empresas de Transporte Internacional Expresso de Cargas (Abraec) informou que “os setores farmacêutico e tecnológico relataram perdas irreversíveis”. Segundo a entidade, empresas — especialmente pequenas e médias, responsáveis por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) — enfrentam quebras de contrato, estoques esgotados e demissões. “O setor de comércio exterior, vital para a economia, está asfixiado, e o governo permanece inerte.”
Os problemas da paralisação dos fiscais chegaram ao Congresso Nacional e parlamentares criticaram o monopólio da Receita nas alfândegas. Para o deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM), o Parlamento precisa propor medidas de modernização do processo aduaneiro, como utilizar a Inteligência Artificial (IA) e discutir novos procedimentos.
“Na Zona Franca de Manaus (ZFM), temos linhas que estão paradas por falta do produto devido a essa greve. O prejuízo em mais de 180 dias de greve chega a R$ 19 bilhões”, disse o deputado ao Correio. Para ele, uma negociação com os auditores da Receita já teria solucionado a greve. “O governo tem que liderar o processo, porque é o Executivo que tem que tomar essa iniciativa, de tornar o processo aduaneiro mais moderno, mais efetivo, mais eficiente”, ressaltou.