Alexandre Brum/G20
Do Correio Braziliense
A Cúpula do G20 começa hoje na capital fluminense sob a tensão de que os países participantes falhem na tarefa de fechar um documento que represente a posição de todos. A preocupação ficou clara com a declaração do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, de que se não houver um texto de consenso, o grupo das 20 maiores economias do planeta perde relevância.
“Apelo a todos os países para que tenham um espírito de consenso, para que tenham bom-senso e encontrem as possibilidades de transformar esta reunião do G20 em êxito, com decisões que sejam relevantes para a ordem internacional. Se o G20 se dividir, ele perde a relevância em nível global”, exortou.
As preocupações sobre a falta de consenso para o documento final da cúpula esbarram em dois temas: as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio e as questões ambientais. Os ataques russo à Ucrânia, ontem, e de Israel a Damasco (no sábado) e a Beirute (também ontem) obrigaram a uma rediscussão do trecho da declaração que trata de questões geopolíticas.
Na parte relacionada aos assuntos climáticos, a barreira tem sido a posição de Argentina, que se contrapõe à brasileira. Desde que o presidente Javier Milei determinou o retorno da comitiva que tinha ido à COP29 — a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que ocorre em Baku, no Azerbaijão —, os representantes do país vizinho têm indicado que não pretendem facilitar as coisas para o governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As negociações sobre o documento final do G20 têm sido intensas e a rodada que começou no sábado terminou às 5h de ontem. Guterres cobrou que os líderes mundiais se comprometessem com medidas ambiciosas e eficazes contra a crise climática global, além de ajudar os países emergentes nos esforços de mitigar e enfrentar seus efeitos.
O primeiro dia de debates do G20 terá como foco o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a reforma das instituições de governança global. Lula discursará na abertura de cada sessão da cúpula, quando deve reforçar a importância de diminuir as desigualdades entre os países e aumentar o financiamento das nações menos desenvolvidas — como fez nas agendas do G20 Social, que antecedeu a reunião de líderes.