Do Congresso em Foco
O PSDB perdeu, nesta terça-feira (19), o último governador que ainda restava em seus quadros. Eduardo Riedel, chefe do Executivo de Mato Grosso do Sul, oficializou sua filiação ao PP durante a Convenção Nacional Ordinária do partido, em Brasília, consolidando um movimento que já vinha sendo aguardado há meses.
A mudança de Riedel encerra um ciclo histórico para os tucanos, que chegaram a governar o país por duas vezes, dominaram o cenário eleitoral por mais de duas décadas e foram protagonistas em estados estratégicos como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Agora, mergulhado em divisões internas e sucessivas derrotas eleitorais, o PSDB se vê sem nenhum governo estadual e uma bancada de tamanho modesto no Congresso, com 14 deputados e três senadores. A legenda também não emplacou nenhum prefeito em capital em 2024.
Fim de uma era tucana
O desgaste do PSDB não começou agora. Desde a eleição de 2018, marcada pela ascensão de Jair Bolsonaro e pela perda de espaço das legendas tradicionais, o partido entrou em crise. Em 2022, registrou o pior desempenho de sua história: não lançou candidato à Presidência pela primeira vez desde 1989, perdeu a hegemonia de São Paulo após quase 30 anos, e elegeu a menor bancada da Câmara.
Mesmo após formar uma federação com o Cidadania, a sigla não conseguiu frear a sangria. Neste ano, viu a saída de Raquel Lyra, de Pernambuco, e de Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, ambos rumo ao PSD de Gilberto Kassab. A filiação de Riedel ao PP fecha a conta e deixa os tucanos sem nenhum governador no país.
O cálculo político de Riedel
A ida de Riedel para o PP não foi surpresa. O governador vinha sendo cortejado tanto pelo PSD quanto pelo PL, e já dava sinais de insatisfação com o futuro incerto do PSDB. Em junho o partido chegou a aprovar a fusão com Podemos, mas a outra legenda ainda não decidiu internamente sobre o assunto.
Segundo interlocutores, pesaram na decisão de Riedel a proximidade com a senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura e hoje uma das principais lideranças políticas do estado, e a estrutura partidária que o Progressistas pode oferecer para sua campanha de reeleição em 2026.
Com a filiação, o PP passa a contar com três governadores: além de Riedel, estão na sigla Gladson Cameli (Acre) e Antonio Denarium (Roraima).
Crise tucana e incertezas no futuro
A crise no PSDB é profunda. A legenda já enfrenta debandada de parlamentares e lideranças regionais, e nomes históricos avaliam novos rumos. O ex-governador Reinaldo Azambuja, aliado de Riedel, deve se desfiliar em breve para disputar o Senado em 2026, cogitando migrar para o PL ou para o PSD.
O momento de fragilidade coincide com a tentativa do ex-ministro Ciro Gomes de se filiar ao partido. A negociação, no entanto, divide tucanos: enquanto alguns veem na chegada de Ciro a chance de reposicionar a sigla nacionalmente, outros avaliam que a associação pode aprofundar ainda mais as divergências internas.
A saída de Eduardo Riedel do PSDB e sua chegada ao PP simbolizam a mudança de forças no tabuleiro político brasileiro. O Progressistas, já parte da federação com o União Brasil que lidera a maior bancada da Câmara, reforça sua presença no Executivo estadual e projeta maior protagonismo para 2026. Já o PSDB, que durante décadas foi um dos polos centrais da política nacional, corre o risco de caminhar para a irrelevância.