Foto: Leôncio Francisco/Divulgação
O cenário considerado difícil para o setor da cana-de-açúcar de Pernambuco foi debatido durante audiência pública na Assembleia Legislativa, nesta segunda-feira (1). Os produtores relataram aos deputados que quatro fatores principais afetam o setor: queda acentuada no preço da matéria-prima, aumento dos custos de produção, efeitos do tarifaço de 40% imposto pelos Estados Unidos e a seca severa que compromete os canaviais atuais e futuros.
Algumas sugestões foram apresentadas para reduzir a crise, entre as quais subvenção por tonelada produzida, linhas de crédito específicas para o custeio da próxima safra, mecanismos de apoio às usinas e fornecedores e ações imediatas de mitigação dos efeitos da estiagem.
De acordo com os dados apresentados na Comissão de Agricultura, há prejuízos generalizados, atrasos em pagamentos e risco de retração econômica profunda na Zona da Mata. A audiência foi solicitada pelo deputado Antônio Moraes (PP) e comandada pelo presidente da Comissão, Luciano Duque (SD).
O diretor-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (FAEPE), Pio Guerra, destacou que a discussão ultrapassa o aspecto econômico e envolve a preservação de um patrimônio histórico e social de Pernambuco. “Precisamos lutar pela garantia do subsídio ao produtor e pela continuidade de um arranjo produtivo que define quem somos como povo”, disse.
O presidente do Grupo EQM, Eduardo Monteiro, ressaltou que “cana é um patrimônio produtivo vivo e se esse ativo morre, a recuperação não se faz em meses, mas em anos”. “Precisamos de medidas urgentes, federais e estaduais, para manter esse potencial de pé e garantir que o setor continue existindo”, afirmou.
“Precisamos apresentar novas soluções que sejam interessantes para todos, como num jogo de ‘ganha-ganha’, no qual ninguém saia perdendo. Nem o setor canavieiro, nem os trabalhadores e nem o governo”, salientou Antônio Moraes.
Luciano Duque garantiu aos produtores que as sugestões serão incorporadas ao relatório oficial da Comissão de Agricultura e encaminhadas ao Governo do Estado, à bancada federal e aos órgãos responsáveis. “Essa cadeia produtiva sustenta milhares de famílias na Zona da Mata e precisa de respostas imediatas. Nosso dever é transformar esse debate em ações concretas”, disse o deputado.