Foto: Ricardo Stuckert PR
Do Correio Braziliense
Falta pouco mais de uma semana para o encontro de líderes democráticos organizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Nova York, marcado para 24 de setembro, às margens da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas. O evento, intitulado Em defesa da democracia, combatendo os extremismos, reunirá chefes de Estado e de governo de nações progressistas para proteger as instituições democráticas — tendo a extrema-direita como alvo principal. Há um porém: um dos temas previstos para a discussão é a garantia de eleições livres no mundo, e Lula enfrenta críticas pelo posicionamento brando do Brasil em relação às eleições na Venezuela.
Lula se mobilizou para reunir aliados em resposta à articulação internacional de líderes extremistas, como o contato entre o presidente da Argentina, Javier Miei, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que está concorrendo novamente ao cargo, além do avanço de partidos de extrema-direita em eleições europeias.
A reunião está sendo organizada pelo Brasil e pela Espanha, representada pelo presidente, Pedro Sanchéz. A ideia, inclusive, começou a tomar forma em uma conversa entre os dois, no Palácio do Planalto, em março.
“Espanha e o Brasil são duas grandes democracias que enfrentam o extremismo, a negação da política e o discurso de ódio alimentado por notícias falsas. Nossa experiência no enfrentamento da extrema-direita, que atua coordenada de forma internacional, nos ensina que é preciso unir todos os democratas do mundo”, declarou Lula após o encontro com Sánchez.
Até o momento, o governo brasileiro não divulgou a programação ou detalhes sobre o formato do evento, nem confirmou quais líderes estarão presentes. Segundo comunicados divulgados pelo Planalto, o presidente Lula convidou pessoalmente pelo menos cinco líderes: os presidentes Joe Biden (Estados Unidos), Emmanuel Macron (França) e Gabriel Boric (Chile), e os premiês Justin Trudeau (Canadá) e Keir Starmer (Reino Unido). Além de Pedro Sánchez, que também atua na organização.
Interlocutores do Itamaraty, porém, afirmam que outros convites estão sendo feitos pela equipe diplomática. Segundo a fonte, a lista de confirmados costuma ser divulgada “com muito pouca antecedência” em eventos de alto nível.
Um dos temas previstos para o debate é a garantia de eleições livres. Lula sofre críticas sobre seu posicionamento brando em relação ao pleito da Venezuela, que enfrenta acusações de fraude e de falta de transparência. Apesar de não reconhecer a vitória de Nicolás Maduro, Lula tampouco apontou a possibilidade de o resultado das urnas ter sido manipulado. Recentemente, o presidente admitiu que o regime chavista é “autoritário”, mas negou que se trate de uma ditadura. Houve um endurecimento nas falas, mas a demora para tomar medidas concretas causa desgaste.
Maduro suspendeu, por exemplo, a representação do Brasil na embaixada da Argentina, em Caracas, e chegou a cercar o prédio com ameaça de prender os seis opositores venezuelanos que estão abrigados no local. O chavista só cedeu após uma dura nota da diplomacia brasileira, e após o candidato oposicionista Edmundo González fugir do país.
Os presidentes Biden e Boric estão entre os maiores críticos de Maduro, e se dizem preocupados com a possibilidade de fraude na eleição de 28 de julho. Macron criticou até as medidas de Maduro para impedir que as principais líderanças da oposição pudessem concorrer — María Corina Machado e Corina Yoris. Mesmo assim, todos os chefes de Estado convidados por Lula elogiaram os esforços brasileiros para mediar a relação entre o governo venezuelano e a oposição.