Historicamente, com algumas exceções, os partidos políticos do Brasil nascem muito mais por conveniência do que por alguma necessidade social. Até os que são considerados mais ideológicos, muitas vezes se enquadram no modelo predominante e procuram ajustar-se ao cenário político atual, visando sobrevivência eleitoral e algumas migalhas públicas que por ventura possam sobrar.
Na busca desenfreada pelo poder, em ano eleitoral se torna mais comum assistir alianças partidárias que agridem diretamente toda a trajetória de alguns partidos. Como para grande parte das lideranças o poder deve sobrepujar questões históricas, adversários antigos se tornam facilmente em aliados. Até mesmo quando em outros momentos, foram vítimas de ataques diretamente ligados ao campo pessoal.
Muito se especula se as questões ideológicas terão destaques nas eleições municipais do ano vigente, vez que, o eleitor se preocupa com problemas locais e quase nada com temas de cunho nacionais.
Acontece que para o governo federal há cidades que os candidatos que receberem seu apoio, precisarão demonstrar densidade e consequentemente sucesso nas urnas. Se não for assim, o que levou o próprio presidente do Brasil se empenhar em trazer de volta para o PT a Senhora Marta Suplicy.
Embora ela tenha construído sua história política filiada ao Partido dos Trabalhadores, a mesma apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e quando se desfiliou do PT, saiu destilando veneno. Diante do quadro posto, será que a ex-prefeita da cidade de São Paulo se arrependeu? Caso esteja arrependida em ter apoiado impeachment, vai pedir desculpas? Ou será que o fato de retornar ao seu antigo partido lhe garante o perdão? As querelas partidárias na cidade de São Paulo não param por aí.
O PSB demonstra interesse em manter a candidatura da candidata à primeira dama da Cidade do Recife. Para tanto, terá que resolver pendências que aparentemente não são fáceis de solução. Manter a candidatura significa dizer que o grupo de sustentação ao governo federal encontra-se dividido. Basta lembrar, que o atual vice-presidente do Brasil é filiado do PSB. Caso seja mantida a candidatura “socialista” na cidade de São Paulo, presidente e vice subirão em palanques diferentes?
Olinda, 22 de fevereiro de 2024.
Sem ódio e sem medo
Hely Ferreira é cientista político.