Foto: Leo Caldas/Folhapess
Do Congresso em Foco
O PT continua sendo o partido preferido dos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta semana. A legenda do presidente Lula é citada espontaneamente por 24% dos entrevistados, mantendo a liderança que ocupa de forma contínua desde o fim da década de 1990. Na segunda colocação aparece o PL, partido ao qual é filiado o ex-presidente Jair Bolsonaro, com 12% das menções.
O índice representa o maior patamar já alcançado pela sigla desde o início da série histórica do Datafolha, em 1989, e confirma a consolidação do partido como principal força da direita no país.
Desde o início do terceiro mandato de Lula, a preferência pelo PT tem se mantido estável, oscilando entre 23% e 27%. O maior percentual recente foi registrado em setembro de 2022, durante a campanha presidencial, quando o partido chegou a 31% das citações espontâneas.
O avanço do PL começou a se intensificar a partir de dezembro de 2021, após a filiação de Jair Bolsonaro. A partir daí, a legenda passou a aparecer de forma recorrente nas pesquisas, atingindo dois dígitos em outubro de 2022, quando Bolsonaro disputou o segundo turno da eleição presidencial contra Lula. Mesmo inelegível e preso, o ex-presidente segue como principal referência política do partido.
A pesquisa ouviu 2.002 pessoas com 16 anos ou mais, entre os dias 2 e 4 de dezembro, em 113 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Perfil do eleitorado
Os dados mostram que o PT concentra maior preferência entre eleitores que votaram em Lula em 2022, grupo no qual a sigla é lembrada por metade dos entrevistados. O partido também apresenta índices mais elevados entre pessoas com ensino fundamental, moradores do Nordeste, católicos e entre aqueles que avaliam positivamente a atuação do STF.
Já o PL tem maior presença entre eleitores de renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos, entre pessoas com ensino médio e superior, entre os que avaliam o STF de forma negativa e entre aqueles que votaram em Bolsonaro na última eleição presidencial.
Histórico e polarização
Ao longo de toda a série histórica do Datafolha, iniciada em 1989, o PT só perdeu a liderança da preferência partidária para o então PMDB, hoje MDB, no início da década de 1990. Desde o final dos anos 1990, a sigla petista ocupa de forma ininterrupta a primeira posição.
Apesar disso, o maior grupo da série é formado por brasileiros que dizem não ter preferência partidária, índice que nunca ficou abaixo de 40%. Partidos tradicionais como o PSDB, que já chegou a figurar como principal oposição ao PT, perderam espaço ao longo dos anos, especialmente após o auge registrado em 2015, durante os protestos contra o governo Dilma Rousseff.
Outro levantamento do Datafolha, divulgado em 24 de dezembro, reforça o cenário de polarização política. Segundo a pesquisa, 74% dos brasileiros se identificam com algum dos dois campos políticos que dominam o cenário nacional: 40% se alinham ao grupo associado ao PT, enquanto 34% se identificam com o campo político ligado a Bolsonaro. A diferença entre os dois grupos, que havia desaparecido na pesquisa anterior, voltou a aparecer, ainda que dentro da margem de erro.
