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Temas como criação do estado palestino e retomada dos Acordos de Abraão devem estar na pauta dos encontros que o presidente americano Donald Trump com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman – recebido nesta terça-feira (18), na Casa Branca. A avaliação é do jornalista e especialista em Oriente Médio, Jayme Spitzcovsky. “A primeira viagem internacional que Trump fez no seu primeiro mandato foi para a Arábia Saudita. E a primeira do segundo mandato, excluindo o funeral do Papa Francisco, também”, ressaltou.
Em visita ao Recife, no último domingo (16), a convite da Federação Israelita de Pernambuco para dar uma palestra sobre a situação na região, Sptizcovsky disse que Trump e Salman devem avançar em negociações como ampliação de um acordo de defesa dos Estados Unidos com a Arábia Saudita, incluindo a venda de aviões e armamentos americanos.
“Mas Trump vai cobrar é a retomada dos acordos e, por outro lado, a Arábia Saudita vai colocar que só trata do assunto se houver uma sinalização de Israel de que aceita a criação do estado palestino”, analisa o especialista. “Essa é a demanda histórica dele. Ele quer um caminho claro para a criação”.
Sptzcovsky lembrou que, pouco antes do ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, e o início da guerra, as negociações entre sauditas e israelenses estavam avançando.
“No próprio acordo de 20 pontos do cessar-fogo, se fala na criação do estado palestino, mas sem cronograma”, ressaltou, referindo-se ao acordo negociado por Estados Unidos, Catar e Turquia que garantiu o fim do último conflito entre Hamas e Israel. No entanto, ele lembra que não existe interesse, hoje, em um acordo de paz completo porque muitos pontos precisam avançar. “Essa é uma questão que vai ser colocada, mais claramente, em outubro do próximo ano quando vão ocorrer as eleições israelenses”.
“Se tem uma pessoa, hoje, com capacidade de influenciar a opinião pública israelense, de forma decisiva, é Trump. E é de seu interesse que acordos avancem”, analisa. Os Acordos de Abraão já foram assinados pelos israelenses com Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão, Marrocos e, na última semana, com o Cazaquistão.