Fotos: Blog Dantas Barreto
Milhares de pessoas tomaram o centro do Recife, neste domingo (21), em repúdio à PEC da Blindagem e contra a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e quem participou da tentativa de golpe de estado. Os manifestantes saíram da Rua da Aurora e caminharam até a Praça do Marco Zero, bradando o grito de guerra “sem anistia”. O ato na Capital pernambucana fez parte das manifestações realizadas em outras cidades do País. Lideranças políticas de esquerda também participaram da caminhada e se colocaram contra acordos para beneficiar os bolsonaristas.
O deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB) esteve presente e afirmou que os atos de hoje são um recado para o Congresso Nacional. Ele ressaltou a importância de tantas pessoas irem às ruas, fato que a esquerda não vinha conseguindo realizar.
“Esse é um recado para o Congresso Nacional, que aprovou a PEC da Blindagem e também está para aprovar, não uma anistia, mas uma dosimetria. Eu penso que se cumpre um papel muito importante, porque já faz tempo que as forças democráticas não realizam grandes manifestações no Brasil. É uma retomada da luta pela democracia, contra o golpismo, da luta em favor da transparência, das melhorias das condições de vida do povo”, disse Renildo.
Questionado se é possível um acordo para reduzir as penas de quem já foi condenado por tramar ou participar da tentativa de golpe, Calheiros enfatizou que deve haver punição. “Ainda não há acordo, mas eu penso que, quando o deputado Paulinho da Força anuncia que não vai ter anistia, já é uma conquista importante porque você já se livra de uma coisa muito ruim, que é anistia para golpista. Ele vai deslocar o debate para a dosimetria, nós vamos debater esse assunto e mostrar que o Brasil tem uma história de golpes militares. Muitas vezes, quando o golpe fracassa, essas pessoas acabam sendo anistiadas e são elas que dão o golpe na sequência. O Brasil precisa punir com o máximo de rigor, no espírito que está colocado na lei, para que as pessoas pensem 10 vezes antes de tentar golpe militar no Brasil”, disse o deputado do PCdoB.
Também presente no ato realizado no Recife, o deputado federal Túlio Gadêlha (Rede) também aposta que as sentenças já proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) serão mantidos para que sirvam de exemplo. “A gente fica muito feliz com esse movimento próximo de um ano de eleição e é importante que cada parlamentar se posicione. Atentaram contra a democracia e não existe meio termo. É importante que deixe as instituições trabalharem. o Supremo Tribunal Federal está apurando os crimes, está coletando as provas, dando a resposta. Não faz sentido o Congresso querer agora entrar nesse circuito para aliviar as penas daqueles que já têm seu crime e a penalidade imputados pelo Tribunal. Esse movimento que acontece hoje dificulta um pouco mais qualquer projeto que tente anistiar ou abrandar as penas. É uma resposta da população e o Congresso funciona como amortecedor de um carro sob pressão. Essa pressão vai surtir efeito e eu acredito que qualquer possibilidade de anistia ou abrandamento de pena vai sair de pauta”, ressaltou Túlio.