Foto: Keity Naiany/CB
Do Correio Braziliense
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), convocou nove governadores bolsonaristas para uma reunião na residência dele, no Lago Sul de Brasília, nesta quinta-feira (7/8), para debater sobre o tarifaço dos Estados Unidos, sobre os produtos brasileiros que passou a vigorar na quarta-feira. Eles aproveitaram o encontro para criticar a falta de protagonismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas negociações e defenderam maior “harmonia institucional” entre os Poderes.
Entre os convidados por Ibaneis, apenas o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), não compareceu à reunião. Os demais presentes, além de Tarcísio Freitas e Mauro Mendes, foram os governadores do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil); e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL)
O encontro estava previsto para começar às 16h, mas teve início com quase uma hora de atraso e durou praticamente uma hora. No fim da reunião, eles criticaram a condução das negociações do governo federal, assim como a demora na elaboração do pacote de medidas para socorrer exportadores afetados pelo tarifaço. Eles, inclusive, afirmaram que pretendem pedir aos presidentes do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que assumam algum papel nas negociações com os Estados Unidos.
“É fundamental o engajamento do governo federal nessa questão da negociação de tarifas. E é fundamental o restabelecimento da boa relação com os Estados Unidos. E isso se faz com ações concretas, com cronograma, com prazo, com planejamento. E isso precisa ser compartilhado com os setores e com os estados”, afirmou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)Segundo ele, se o governo federal precisa de um apoio, por exemplo, do Congresso, “ele deve pedir esse apoio”.
Na avaliação de Tarcísio, o pacote de medidas de socorro do governo federal para os exportadores está “demorando muito”. “Já era para ter saído. Veja que as tarifas já entraram em execução e ainda não há clareza sobre as medidas que serão tomadas”, criticou. Assim como Caiado, Freitas lembrou que há vários estados tomando medidas para ajudar os exportadores, como linhas de crédito subsidiadas.
Tarcisio de Freitas ainda defendeu uma “harmonia institucional” entre os Poderes. “Os poderes têm papéis na mitigação da crise. A gente não pode ter um Poder se sobrepondo ao outro. E não podemos viver essa escalada de crise. Os poderes têm que contribuir para desescalar a crise”, afirmou ele, defendendo o respeito às funções típicas de cada Poder.
Em relação ao Congresso, na avaliação dele, o parlamento tem que ter autonomia e liberdade para legislar sem pressão. “O Congresso Nacional pode atuar nessa desescalada e os parlamentares precisam ter a tranquilidade”, defendeu o republicano, ao lado dos demais governadores.
O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União), avaliou que a reunião “foi produtiva” e também defendeu mais lucidez do governo federal nas negociações em torno do tarifaço dos EUA, a fim de evitar uma escalada da crise que resulte em fuga do capital internacional. Ele reforçou que o presidente Lula assuma as rédeas das negociações, a exemplo do presidente chinês, Xi Jinping.
“Muito claramente foi dito na reunião para cobrar o protagonismo de Lula nas negociações. Ele não pode abrir mão de dialogar com Estados Unidos e ficar oferecendo jabuticaba, deixando de lado a economia brasileira”, afirmou. “Queremos cobrar do presidente da Câmara e do Senado que assumam esse compromisso de tentar negociar”, acrescentou.