Foto: Fellipe Sampaio/STF
Do Correio Braziliense
O ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu, em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), que discutiu com aliados algumas “alternativas” após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reiterar a confiabilidade das urnas eletrônicas. Nesta terça-feira (10/6), o réu negou a tentativa de golpe de Estado, mas afirmou que pensou em possibilidades “dentro da lei”.
O ex-presidente disse que houve reuniões com militares para discutir possíveis saídas constitucionais, após a rejeição de uma ação do PL à Corte Eleitoral questionando a segurança das máquinas de votação.
“As conversas eram bastante informais. Era conversa informal para ver se existia alguma hipótese de um dispositivo constitucional para a gente atingir o objetivo que não foi atingido no TSE. Isso foi descartado na segunda reunião”, disse.
NEGOU GOLPE
Bolsonaro também negou ter planejado um golpe. Ele afirmou que qualquer movimento nesse sentido seria “abominável”.
“Da minha parte, ou da parte dos comandantes militares, nunca se falou em golpe. Golpe é uma coisa abominável. O golpe até seria fácil de começar, o after day [dia seguinte] é que seria imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessas”, enfatizou.
Bolsonaro rebateu a acusação do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, de que ele teria pressionado o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, por um relatório duro indicando as possibilidades de fraude nas eleições. O ex-chefe do Planalto disse que apenas pediu um relatório imparcial sobre o processo eleitoral brasileiro.
O ex-presidente negou ter pressionado aliados para a produção de um documento que atacasse as urnas. “Meu relacionamento com o ministro nunca foi sobre pressão, sobre autoritarismo. Nossa relação era até fraternal. Jamais eu pressionei nenhum ministro”, declarou.
BRINCADEIRA
Em um momento de brincadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10/6), Jair Bolsonaro “convidou” o ministro Alexandre de Moraes para ser seu vice em uma chapa presidencial em 2026. Como resposta, o magistrado respondeu que “declinava do convite”.
A brincadeira ocorreu durante interrogatório do ex-chefe do Planalto sobre a tentativa de golpe de Estado nas eleições de 2022. Jair Bolsonaro narrava como as pessoas tratam ele na rua e questionou se o ministro gostaria de ver um vídeo com as imagens.
Moraes respondeu: “Declino”. Em seguida, Bolsonaro pergunta: “Posso fazer uma brincadeira?”, ao passo que Moraes responde: “O senhor quem sabe. Acho melhor perguntar aos seus advogados primeiro”.
Bolsonaro então replica: “Eu gostaria de convidá-lo para ser vice em 2026”. Em resposta, o ministro do STF responde novamente: “Eu declino”. Todos os presentes riram do diálogo entre o ex-presidente e o relator da ação penal da trama golpista.