Por Hely Ferreira*
O modus operandi do sistema partidário brasileiro é mesmo desafiador para todo aquele que pretende entender seu funcionamento. Com uma quantidade significativa de siglas, muitos questionam se existem tantas correntes ideológicas para fomentarem os partidos políticos do Brasil. Antes de tudo, é bom lembrar que grande parte foram forjados em querelas internas, projetos pessoas ou por causa da sobrevivência eleitoral.
Em ano de eleição, a disputa para qual sigla consegue ampliar o número de filiados torna-se algo natural. Alguns buscando ampliar seus membros procuram pescar no aquário alheio. Afinal, é uma das maneiras que os partidos encontram para demonstrarem seu cabedal, mesmo que parte dos novos filiados não possuam nenhuma identificação com o conteúdo programático da agremiação. Assim, alguns hoje se filiam em partidos de cunho socialista, na outra eleição em um liberal e na próxima em um da socialdemocracia.
Além da luta pela permanência do poder, a chamada classe política brasileira já se apercebeu que a maioria dos eleitores não se preocupa com o partido que o candidato encontra-se filiado, mas exclusivamente com ele. Demonstrando que o voto não é programático, mas personificado.
O cientista político Olavo Lima Júnior já demonstrou em uma de suas obras que o crescimento dos partidos nacionais, estão atrelados ao líder político, ou seja, o crescimento é do prestígio da liderança e não da sigla, onde a chegada de novos quadros, nem sempre é sinônimo de renovação. Aliás, a renovação é mais pela idade do que pelas ideias, garantindo assim as velhas oligarquias.
Sem ódio e sem medo.
*Hely Ferreira é cientista político