Foto: Ricardo Stuckert/PR
Com a aprovação de Flávio Dino para ocupar a 11ª cadeira do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu-se a temporada pela sucessão no comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda esteja desfrutando a dupla vitória política obtida no Senado, na sessão de quarta-feira, nos bastidores do governo traçam o perfil daquele que deverá substituir Dino. Como atributos, deve ser um técnico de reconhecida competência, conhecimento na área jurídica e trânsito político.
Entre os cotados, despontam dois nomes que fazem parte da atual estrutura do Ministério da Justiça: o secretário-executivo da pasta e número dois de Dino, Ricardo Cappelli, e o secretário nacional de Defesa do Consumidor, Wadih Damous.
O primeiro é apadrinhado pelo PSB do ainda titular da pasta, foi interventor na Secretaria de Segurança do Distrito Federal — logo depois da tentativa de golpe, em 8 de janeiro — e é um dos arquitetos da Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos portos e aeroportos do Rio de Janeiro e de São Paulo — pela qual se tenta asfixiar a logística de armas e drogas das facções do crime organizado e das milícias.
Damous, por sua vez, conta com o apoio do PT, uma vez que era até 2019 deputado federal pelo partido, representando o eleitorado fluminense. Foi, também, presidente da seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
É um crítico feroz da Operação Lava-Jato e se empenhou na defesa da ex-presidente Dilma Rousseff no período que antecedeu ao impeachment. Além disso, é amigo de longa data de Dino.
Também estão no páreo o ministro aposentado do STF Ricardo Lewandowski — cotado para assumir o ministério antes de Lula optar por Dino — e o advogado-geral da União Jorge Messias, outro que conta com o apoio do PT e chegou a ser cogitado para a cadeira que o ainda ministro da Justiça passa a ocupar, a partir da segunda quinzena de fevereiro.
Lula, porém, sofrerá pressão para recompor o quadro de mulheres no primeiro escalão do governo. Fontes dão conta de que existe a possibilidade de Simone Tebet — que é advogada de formação, tem longa carreira no Parlamento e é filha de ex-senador — ser deslocada do Ministério do Planejamento e Orçamento para o da Justiça, e abrir a vaga para que uma mulher ocupar a pasta na qual hoje está à frente.
Mas também se ventila a possibilidade de Dino ser substituído pela presidente do PT, deputada Gleisi Hoffman (PR), ex-ministra-chefe da Casa Civil no governo Dilma.
Dino, porém, deixou claro que ainda ficará algumas semanas à frente do Ministério da Justiça, preparando a transição para o sucessor. Antes de ser recebido em audiência por Lula, esteve no STF com o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso.
À saída do Supremo, anunciou como um dos seus últimos atos a entrega de viaturas por conta de convênios firmados com o governo federal no âmbito do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).