A líder da oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco, Dani Portela (PSOL), reuniu quatro deputados estaduais, nesta terça-feira (2), para fazer um balanço do primeiro ano do Governo Raquel Lyra. Mesmo sem apresentar dados e números mais consistentes, os parlamentares bateram na tecla de que situação do Estado piorou em relação à gestão do ex-governador Paulo Câmara, principalmente, nas questões da Saúde, Segurança, Infraestrutura e Educação. Participaram da entrevista coletiva, além de Dani, os deputados Rodrigo Farias (PSB), Sileno Guedes (PSB), Waldemar Borges (PSB) e Gilmar Júnior (PV). Outros justificaram as ausências alegando que estavam fora do Recife.
Dani Portela foi a primeira a falar, ressaltando que o Estado de Mudança adotado por Raquel não é visto em lugar nenhum de Pernambuco. “Efetivamente, quem tem rodado o Estado não tem notado essas mudanças. Se olha para o retrovisor, em vez de olhar para a frente. Chegamos ao final de 2023 com preocupações”, disse a líder.
Waldemar Borges também criticou o fato de Raquel Lyra encerrar o ano com o mesmo discurso da posse, colocando culpa no governo passado. “É uma confissão do vazio do seu primeiro ano de governo. Os números revelam que Pernambucano regrediu nas políticas públicas. A saúde melhorou? A segurança melhorou? O Governo foi incapaz de fazer mudanças com o carro andando, teve que parar tudo. Isso se refletiu na merenda escolar, na falta de papel. Se refletiu na formação da equipe, que teve sete mudanças de secretários, revelando escolha mal feita”, disparou.
Uma das críticas de Borges foi em relação à desapropriação do Colégio Americano Batista por R$ 100 milhões. “E ainda não sabemos para que”, disse ele. Waldemar ainda reclamou da ingerência política nas Geres e no atraso do repasse de recursos para o programa Investe Escola.
Rodrigo Farias disparou contra a ausência de informações no Portal da Transparência e que isso dificulta a fiscalização das ações da gestão estadual. Essa, inclusive, foi uma das justificativas dos cinco deputados presentes para dizer que não tinham números precisos a respeito do primeiro ano de Raquel. “A mudança veio para pior. Na saúde temos dados alarmantes, com fechamento de leitos, houve desligamentos das câmeras de segurança. Em 2023 vimos em Pernambuco um cemitério de obras paralisadas. O Governo diz que gastou R$ 900 milhões com estradas. Onde foram gastos? Não houve licitação em 2023 para estradas. Todas as obras que estão sendo feitas foram licitadas pelos governos anteriores”, falou o deputado do PSB. Farias ainda citou a retirada de 200 ônibus do transporte público, que vem prejudicando os usuários.
Na vez de Sileno Guedes, ele relembrou que a Assembleia foi solidária com a governadora, quando aprovou projetos importantes para o Estado. No entanto, o deputado disse que “faltou capacidade de gastar e gerenciar. “Passarem o ano inteiro para licitar as obras das barragens. A governadora fala em metrô e transporte público, mas não vemos iniciativa para melhorar. O bilhete de integração temporal tem limite de duas horas, o que prejudica quem usa o transporte público. O Festival de Inverno de Garanhuns entrou numa disputa política que comprometeu o evento. Também sentimos falta de previsão orçamentária para programas que estavam consolidados, como Mãe Coruja, CNH Popular e Olhar pra Diferença”, relatou Sileno.
O deputado Gilmar Júnior focou na questão da saúde, principalmente, no atraso do pagamento do piso salarial da enfermagem.
Ele disse que a União já liberou mais de R$ 90 milhões, porém o Governo do Estado alega inconsistências de informações sobre os profissionais para não fazer o repasse. “Os pacientes estão sendo atendidos por profissionais adoecidos mentalmente. Se existe inconsistência de informações é culpa do Governo, que deveria fazer um recadastramento”, apontou.
Gilmar ainda falou sobre as péssimas condições dos hospitais estaduais, entre os quais o Hospital da Restauração e Pelópidas Silveira, reclamou do fechamento do Hospital Jesus de Nazaré, da longa fila de espera por cirurgias, da situação do SASSEPE e do aumento do 800% dos casos de Covid em Pernambuco. “Se estava ruim, piorou”, afirmou Gilmar Júnior.
SEM COMPARATIVO
Os deputados foram questionados se tantos problemas citados já existiam na gestão de Paulo Câmara. “Quem se dispõe a governar não pode dizer que está surpreso. Tem que ter dimensão do que vai encontrar. A gente está fazendo um balanço de um ano de gestão, não um comparativo com governos anteriores. Estamos fazendo um relato da falta de gerência, de capacidade e de planejamento. Se o SASSEPE não dava certo, o IASSEPE agora tem que dar. Tem que ter gente competente, delegar pessoas e confiar no Legislativo. O principal conflito com a Assembleia foi a falta de diálogo. Nossa intenção é contribuir com o Governo e pedir a Deus que essas dificuldades não continuem”, respondeu Sileno Guedes.
Rodrigo Farias completou, dizendo que “se a casa estivesse desarrumada, não haveria condições de se aprovar o empréstimo de R$ 3,4 bilhões e não seria anunciada a folha de pagamento do ano todo de 2024 com antecipação”.
Dani Portela ainda falou que, comparando o mesmo período do 2022, quando Paulo era governador, no ano passado houve aumento de 5,3% de homicídios, mais de 7% de feminicídios, 19% nos casos de violência contra mulheres e 30% de casos letais em confrontos com a polícia. “O Programa Juntos pela Segurança se assemelha a um protocolo de desejos. O Governo deixou de investir dois terços do orçamento da Secretaria da Mulher. Qual o motivo? Decisão política ou falta de planejamento”, disse a deputada.
A líder ainda lembrou que não houve transição de governo porque os secretários foram escolhidos tardiamente e assumiram os cargos sem conhecimento do que iriam encontrar. “Vamos continuar com a posição de fazer uma oposição disposta a dialogar e de forma propositiva. Não estamos torcendo para dar errado. Estamos torcendo para dar certo”, garantiu a deputada Dani Portela.