Foto: Amaro Lima/Alepe
O presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), utilizou a tribuna, nesta segunda-feira (27), para afirmar que a saúde em Pernambuco está caótica e insustentável. Além dos questionamentos à assistência aos pacientes, Porto citou o fato ocorrido, no domingo, quando uma criança recém-nascida foi atingida por uma bala perdida, no Hospital Barão de Lucena. Ele conclamou os parlamentares a tomarem uma reação incisiva. O deputado, mesmo sendo filiado ao PSDB, está rompido com a governadora Raquel Lyra (PSDB) e tem dado respaldo às iniciativas da oposição.
“Senhores, estamos assistindo de maneira complacente uma tragédia que é reflexo da falta de planejamento e da incapacidade na gestão da saúde por parte do atual governo. Isto é uma vergonha!”, afirmou. Em relação ao incidente no Barão de Lucena, Álvaro Porto disse: “Isto é um descaso e uma desumanidade sem tamanho! Nem no Rio de Janeiro, que é a cidade campeã mundial de bala perdida, já se viu uma história como essa”.
Em relação à crise na pediatria, o deputado destacou que “a morte de dez crianças à espera de um leito, indica que o Governo falhou em seu dever mais básico, que é proteger os mais vulneráveis”. “A fila da Central de Regulação virou um corredor da morte. E cada vida perdida é um grito de socorro, um clamor por justiça que não podemos ignorar nesta Casa, porque, senhores, cada criança que se vai é um futuro perdido”, acrescentou.
Álvaro Porto também criticou o corte de R$ 1,2 bilhão da saúde e que os gastos caíram de R$ 7,75 bilhões para R$ 6,54 bilhões, entre 2022 e 2023. “Este corte não é apenas um número seco em um balanço financeiro. É a diferença entre a vida e a morte para milhares de pernambucanos. É a mãe que chora a perda de seu bebê, é o pai que se desespera por não poder proporcionar tratamento adequado ao seu filho. E, principalmente, é a vergonha de um Estado que abandona os seus cidadãos”, disparou.
SECRETÁRIA DE SAÚDE
Antes do pronunciamento de Álvaro Porto, a secretária estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti, concedeu entrevista à Rádio Folha e fez um balanço da sua gestão, após um ano e cinco meses no cargo. Ela destacou a abertura de 236 leitos para atendimento pediátrico, na Região Metropolitana e no Interior do Estado, além dos investimentos necessários a prestar assistência à população. “Sigo com esse propósito firme da hora em que acordo à hora que eu vou dormir todos os dias, não tenho outra resposta a não ser essa: eu sigo trabalhando”,
“Este ano, esse surto na pediatria teve um comportamento epidemiológico diferente. Ele passou a acometer muitas crianças menores, de zero a seis meses, e elas são de maior especificidade, porque boa parte das equipes de saúde que tratam na pediatria não têm formação no cuidado desses menores. A gente tem uma dificuldade maior de unidades de saúde que sejam capacitadas e que atendam a esse tipo de população, porque a dificuldade e complexidade é maior. Estamos tendo que lidar com essa imprevisibilidade de ainda disponibilizar leitos mais específicos para cuidar dos bebezinhos menores”, explicou a secretária, durante a entrevista à emissora.
Em relação ao incidente com a criança recém-nascida no Hospital Barão de Lucena, Zilda Cavalcanti lamentou e garantiu que o São está sendo investigado. “O susto foi grande na hora, mas graças a Deus está tudo bem, o bebê está bem, a Polícia Militar chegou logo em seguida, a Polícia Civil está no local desde ontem fazendo toda uma investigação para entender como foi o contexto da situação, o que se sabe é que foi uma bala perdida”, disse a secretária.
